quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Pó por Srta. Jones

"E daqui a trinta anos, como vai ser?"

"Nós estaremos juntos."

"Eu sei. Mas e os nossos filhos? Nós vamos ter filhos?"

"Talvez. Quantos você quer?"

"Quantos couberem num abraço."

"Dois, então."

"Dois, então."

"Por que você sempre acorda linda?"

"Como eu posso saber? E se você acha que eu fico linda de olhos inchados e cara amassada, você precisa ir ao oftalmologista."

"Você acorda linda. Sempre com um sorriso."

"E sempre do seu lado. Isso explica muito."

"E eu sempre acordo de mau humor. Mas aí eu viro na cama e vejo você. Não dura nem um segundo."

"Vai ser assim daqui a trinta anos?"

"Daqui a trinta anos, cem, cinco ou seis mil. Não importa quanto tempo."

"Imagina se um terremoto acontecesse agora, nesse instante, e toda cidade virasse pó. E daqui a muitos mil anos os arqueólogos viriam até esse lugar e encontrariam os nossos esqueletos."

"Abraçados, assim."

"Abraçados."

"A gente ainda tem trinta minutos. Vamos dormir mais?"

"Você dorme. Eu vou ficar acordada vendo você dormir."


E então a terra tremeu e tudo virou pó. Menos o amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sei que o expletivo não combina muito com o lirismo do diálogo, mas é o que me resta:
Caraca. Esse foi lindo.