terça-feira, dezembro 12, 2006

Telefonema por Srta. Jones

Hoje eu recebi um telefonema. Antes de atender, olhei o visor do telefone para saber quem estava ligando, mas não aparecia número nenhum. Achei estranho, mas atendi mesmo assim. Do outro lado da linha, um homem com voz rouca e cansada. Parecia ter vindo de muito longe para fazer aquela ligação.

"Alô? Quem fala?"

"Eu tenho uma coisa para te dizer."

"Alõ, quem está falando? Com quem deseja falar?"

"Eu tenho uma coisa para te dizer. Você precisa ouvir."

"Mas quem está falando? Quem é você?"

"Isso não importa. Você vai saber depois de escutar o que eu tenho para dizer."

E o que ele tinha para dizer era mais ou menos isso:

"It’s no secret that the stars
Are falling from the sky
It’s no secret that our world
Is in darkness tonight
They say the sun is sometimes eclipsed by a moon
I don’t see you when she walks in the room

It’s no secret that a friend is someone that lets you help
It’s no secret that a liar won’t believe in anyone else
They say a secret is something you tell another person
So I’m telling you, child

Love
We shine like a burning star
We’re falling from the sky
Tonight

A man will beg
A man will crawl
On the sheer face of love
Like a fly on a wall
That’s no secret at all

It’s no secret that a conscience
Can sometimes be a pest
It’s no secret that ambition bites the nails of success
Every artist is a cannibal
Every poet is a thief
All kill their inspiration
And then sing about the grief
Oh love

Love
We shine like a burning star
We’re falling from the sky
Tonight


A man will rise
A man will fall
From the sheer face of love
Like a fly on a wall
That’s no secret at all

Achtung, y’all

Love
We shine like a burning star
We’re falling from the sky

Tonight

A man will rise
A man will fall
From the sheer face of love
Like a fly on a wall
A man will rise
A man will fall
From the sheer face of love
Like a fly on a wall
That’s no secret at all

It's no secret that the stars
Are falling from the sky
The universe exploding
'Cause of one man's lie
Look, I gotta go
Yes, I'm running outta change
There's a lot of things
If I could I'd rearrange"*

"Mas, o que é isso?"

"É a mensagem que eu tenho para você. Pense bastante em cada palavra, e um dia você vai entender. Agora eu preciso ir. Minhas moedas estão acabando. Adeus."
E ele desligou o telefone. Assim mesmo, sem explicar o que estava querendo dizer.

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(*U2 - "The Fly")

segunda-feira, dezembro 11, 2006

A Entrevista por Srta. Jones

Estava preparada para a entrevista. Que perguntas deveria fazer, que tipo de resposta esperar, qual a postura que deveria manter durante a conversa. Tinha sido tudo planejado para ser o mais informal possível, mas eu não conseguia deixar de ficar nervosa. Era o trabalho mais importante da minha carreira, quiçá da minha vida. Era tudo ou nada.

Cheguei ao local alguns minutos antes do combinado, mais precisamente vinte minutos antes. Queria conhecer o lugar, sentir a atmosfera, decidir se o ambiente seria favorável ou não às minhas perguntas. Sabia que tudo poderia influenciar as respostas que iria receber.

Ele chegou na hora marcada, com a casualidade de quem espera um amigo para sair pela noite. Estava muito bem vestido, melhor do que eu poderia imaginar. Não parecia em nada com alguém que vinha portando más notícias. Era um homem em paz, sereno, de bem com o mundo e com sua própria consciência. Era a imagem da confiança.

Nos apresentamos, ou melhor, eu me apresentei a ele, e nos sentamos num confortável e imenso sofá do lobby do hotel. O couro branco dava a falsa sensação de que ali havia paz. Mas eu me sentia como uma correspondente de guerra entrevistando um soldado da ONU. Era uma missão oficial e a minha vida pelos próximos dias dependia do que aquele homem tinha para me dizer.

Com a mão trêmula, segurei meu pequeno bloco de anotações e começei a ler a primeira pergunta. O processo todo deve ter levado pelo menos uns cinco minutos, porque quando dei por mim já havia lido as três páginas com todas as perguntas da entrevista. Ele se manteve em silêncio durante todo o tempo, como se estivesse diante de um ritual de imolação e não pudesse fazer nada para interromper. Talvez porque realmente não o quisesse.

Abaixei o bloco e com o que restou de coragem o encarei. Esperava que, no meio daquele turbilhão de palavras e saliva ele tivesse conseguido compreender pelo menos uma ou duas perguntas. Mas o que ele tinha em mente não respondia a nenhuma delas.

"Acabou."

"O quê?"

"É, acabou."

"Mas, como? Vocês não iam sair em turnê no mês que vem?"

"Íamos. O verbo está no passado. Não vamos mais."

"Mas o que aconteceu? Vocês estavam indo tão bem, o disco de vocês está em primeiro lugar e as músicas estão tocando em todas as rádios do país? O que aconteceu?"

"Eu não sei."

"Mas como não sabe? Você é o líder da banda, você tem que saber o que está acontecendo."

"Eu acho que me desinteressei, sabe?"

"Não, eu não sei. Eu realmente não sei."

"Isso acontece, não dá pra explicar. Às vezes a gente pensa que ama uma coisa, que encontrou o caminho certo, mas um dia a gente acorda e vem aquele estalo."

"E o que esse estalo diz?"

"Que a gente tem feito a coisa errada. Que é hora de pôr fim em tudo e começar de novo."

"Mas e os fãs? E os outros membros da banda?"

"Ah, eles não vão morrer por causa disso."

"Você não sabe."

"Claro que sei, se eles viveram antes da gente surgir, por que não podem viver quando a gente desaparecer?"

"Porque vocês mudaram a vida dessas pessoas. Me diz, você viveu boa parte da sua vida sem internet, certo?"

"Um hum."

"E hoje você precisa da internet para fazer várias coisas importantes da sua vida, não precisa?"

"Sim, claro."

"Então suponha que um dia alguém decida que você não vai poder usar a internet, nunca mais na sua vida. Você vai sentir falta, não vai?"

"Vou, mas não vou morrer por causa disso."

"Mas a sua vida nunca mais vai ser a mesma."

"Mas é tudo uma questão de hábito, de necessidade."

"Nem sempre. Você viveu sem isso durante muito tempo mas a partir do momento em que isso começou a fazer parte da sua vida você não consegue mais controlar o quanto precisa disso."

"É, pode ser. Mas dá para viver mesmo assim."

"É claro que dá. Assim como dá pra viver sem uma perna. Mas isso não quer dizer que a perna não faça falta."

"Você tá comparando a banda à uma perna amputada?"

"É, mais ou menos. Se eu perder minha perna hoje, dependendo das circunstâncias e do tempo de recuperação, eu posso sobreviver. Mas nunca mais vou ter o mesmo equilíbrio que tinha antes."

"Mas você pode usar uma perna mecânica."

"Mas não é a mesma coisa. Não é uma perna de verdade, não faz parte de mim. Aquilo não me completa."

"Olha, as coisas não são tão complicadas assim. A banda acabou, do mesmo modo como começou. As coisas acontecem sem que a gente possa realmente explicar. É que nem paixão, ela pode surgir quando você menos espera, e acabar quando você menos deseja. É assim."

"Pois eu acho que não é nada parecido com paixão, porque toda paixão um dia tem que acabar. Pra mim é como amor. Amor só acaba quando a gente morre."

"Nossa, que fatalista. E que romântica."

"Nem uma coisa nem outra. Eu só acho que algumas coisas nessa vida acabam, e outras não. Pra mim o amor não acaba. É que nem energia, não morre, mas se transforma."

"Agora você embolou física com música e amor. E eu duvido que você possa aproveitar tudo isso pra sua entrevista."

"Esqueça a entrevista. Agora que acabou, eu não tenho mais nada pra fazer aqui."

Me levantei, apertei sua mão e saí do hotel. Do lado de fora, a praia me abraçou com seu vento úmido. Peguei o primeiro táxi que apareceu e pedi para ir a qualquer lugar, desde que me tirasse dali. O rádio do carro estava ligado, e uma música começou a tocar. Era a música deles. Uma lágrima desceu o meu rosto, abrindo caminho para as outras que queriam sair. E ali eu tive certeza de que tudo precisava continuar.

"Porque o verdadeiro amor não acaba nunca. E nem a boa música."

sábado, dezembro 09, 2006

Compreensão por Srta. Jones

Nós estávamos comemorando o aniversário de uma amiga. Era uma casa do tipo sobrado, com um palco e um bar no térreo e um mezanino no segundo andar. A discotecagem era, como de costume, ruim, mas alguns acordes romperam e eu sabia que aquela era a minha música. Eu comecei a cantar junto, sentindo cada palavra explodir e formar um grande nó em minha garganta. Eu queria que ele soubesse o que eu estava sentindo, mas ele só conseguiu demonstrar que achava a música ruim. "Que música sem graça", foi o que ele disse. E eu continuei cantando, porque sabia que ele não era capaz de ver além do meu sorriso a verdadeira razão para eu cantar. Era a música que falava sobre a minha dor, sobre o que eu perdi. A letra que contava o meu sofrimento de uma maneira que eu jamais poderia fazer. Uma canção sobre luzes e sobre sentir o passado se desfazer e o futuro nos tornar cruéis com quem já fomos. É sobre mudar e esquecer todas as lições que a juventude traz. A voz canta, "The more you know/ the less you feel". Ele aprendeu que quanto mais conhecemos o mundo, mais perdemos a capacidade de sentir dor, de nos apiedar. Quanto mais vemos, menos sentimos. Caminhamos para o fim trocando o sangue e a carne por uma couraça que nos impede de sofrer. Uma anestesia que nos torna cada vez mais insensíveis, até pararmos por completo.

Mas ele não sabia disso. Nunca quis saber. Essa música, de uma certa maneira, falava de nós. Falava de tudo o que estávamos perdendo, e do que ainda íamos perder. De como o tempo nos enganou e nos trapaceou, e transformou o que era tão bonito num sentimento vazio e sem salvação. "Can you see the beauty inside of me? / What happened to the beauty I had inside of me?" O que aconteceu com nós dois? O que aconteceu com a beleza que havia no que nós dois dividimos por tanto tempo? Será que todo sentimento é como uma flor, que inexoravelmente tem que morrer? Será que tudo no mundo tem que perecer e deixar de existir? A vida é mesmo uma sucessão de perdas, onde pouco se ganha? Eu sempre acreditei em soluções, em contornar situações ruins e resolver problemas. Mas quando as coisas mais importantes da minha vida começaram a morrer, eu vi que não tinha respostas para tudo. Quando eu mais precisei, as minhas soluções deixaram de funcionar. Quando eu tive que ser mais forte, eu me tornei impotente. Quando eu não queria perder, eu tive que deixar ir.

"And I miss you when you're not around
I'm getting ready to leave the ground"

Na cidade das luzes ofuscantes.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Ruptura por Srta. Jones

Vi uma notícia medonha na internet hoje. O presidente e sua mulher querem adotar uma criança. Estão aderindo à mais nova moda entre os desocupados e endinheirados do mundo: usar crianças carentes de tudo para fazer auto-promoção. Normalmente, eu enviaria o link desta notícia para ele. Mas não posso mais fazer isso. Para quem eu vou mandar a notícia?

Todo dia aparece alguma coisa que eu quero dividir com ele. Todo dia vai aparecer. Mas ele não está mais aqui.

Eu lembro de como sentia isso todos os dias depois que meu pai morreu. Continuo sentindo. Uma piada, um filme, alguma coisa que só ele iria entender. De novo, eu fico sem referências por causa de um homem. Homens.

É muita atenção, muita energia, muito amor e muito tempo dedicados a uma só pessoa. E não era qualquer pessoa. Era "o homem da minha vida". Mas o homem deixou de ser meu para ser do mundo. O meu homem.

Foram tantas piadas, tantas músicas, tantos dias e noites maldizendo juntos os idiotas do mundo. Com quem mais eu vou fazer isso?

Amanhã vai ser um dia difícil. Às 18h eu provavelmente estarei lutando contra uma dor muda e assassina. Uma dor de saudade. Mas vou lembrar que será uma noite alegre. Não feliz, mas pelo menos alegre. Eu vou sair e ver as luzes. Abraçar as amigas e dar boas vindas à madrugada, dançando e bebendo uma coca-cola. Mais uma coisa que eu gostava de fazer do lado dele.

Mas ele não está mais aqui.

domingo, dezembro 03, 2006

Desilusão por Srta. Jones

Eu construí um castelo com as cartas que ele me deu. Você sabe o que dizem sobre castelos de cartas. Algum dia, inevitavelmente, eles vão cair. O dia chegou.

Eu tenho uma vocação para os casos perdidos. Eu sou aquela pessoa que resiste até o fim. Como a palmeira que o vento dobra mas nunca consegue quebrar. Eu sou assim.

Eu resisti, o mais que pude. Mesmo com a ventania, a tempestade, o sol escaldante e a chuva de areia nos olhos. Eu resisti. E o meu prêmio por chegar até o final foi uma declaração de desamor, arrancada à força. Ninguém resiste ao impulso de dizer que ama. Mas quem consegue admitir que não ama mais? Por que sobrou para mim a ingrata tarefa de ter que dizer a verdade, que não era nem a minha verdade? Eu ainda amo mas fui eu quem disse as palavras. "Você não me ama mais". É como dizer ao carrasco: "Eu mesma me enforco". A minha honestidade é mais forte do que o meu apego. Eu preciso deixar ir, e não ter esperanças de ver voltar. A esperança não pode me deixar cega. Não há espaço para a ilusão neste novo lugar em que estou.

As pessoas me dizem que não existe algo como não amar mais. Eu também não acredito nisso. Acredito em duas coisas: amar para sempre e não amar nunca. Ou ele me ama mas não consegue ver, ou nunca me amou. Estou inclinada a admitir a segunda hipótese. É a que me parece mais plausível. Os sinais estavam todos na minha frente, desde o começo. O desencanto era antigo, assim como o medo. Por muito tempo eu me senti como um desvio de percurso. Uma pessoa pode pegar quantos atalhos quiser, mas vai chegar o momento em que ela precisa olhar para a frente e caminhar em linha reta. Eu deixo de existir nesse exato momento. Eu sou só o desvio.

E assim eu sigo, exterminando ilusões.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Sacrifício? Mas que nada... por Srta. Jones

Muita gente sabe o que é ser fã. Fã "de verdade", que tem obra completa e vai até o fim do mundo por uma chance de ter mesmo o mínimo contato com o que se idolatra. É fácil se debruçar de coração aberto sobre um livro ou disco que nos marque em algum momento de nossas vidas. Difícil é estabelecer o limite que separa a admiração apaixonada do fanatismo infantil.

Esta é a história de uma fã. Uma fã do U2. Oportuno falar sobre isso agora, não? Mas, por isso mesmo, a história deve ser contada. É o momento que cria a oportunidade perfeita.

Sou fã desde os 11 anos. Conheço a banda há mais tempo, mas o estalo, o momento mágico, veio no começo dos anos 90. Foi o descortino de uma luz que sempre esteve presente, escondida em algum lugar. Amor à milionésima vista.

A minha história como fã é longa, e certamente aborrecida. A virada na minha rotina de ouvir U2 religiosamente todos os dias e rezar por uma chance de vê-los num show veio em 1998. O ano da primeira apresentação da banda no Brasil. Eu era adolescente e minha vida era um recorte de várias músicas do grupo. O dia que eu esperei com o ardor de uma debutante chegava no final de janeiro. Tudo de que eu precisava era ter o ingresso em mãos.

Nada poderia ter sido mais fácil. Naquela época, gostar de U2 não era algo muito bem visto entre adolescentes (trocando em miúdos, não era "legal" ouvir U2). O rock não passava por um bom momento, não havia muito público entre os jovens de classe média e ser "roqueiro" era nadar contra a maré. Talvez isso explique a absurda facilidade com que eu adquiri o tão desejado ingresso. Foram pouco mais de 20 minutos de espera. Eu era, se bem me lembro, a quinta pessoa na fila. Saí da loja R$50 mais pobre e infinitamente mais feliz. Eu flutuava a caminho de casa.

Por tudo isso, em 2006, oito anos depois, eu previ dificuldade apenas média para adquirir minha entrada para o novo show da banda no Brasil. Estou consciente da nova onda de fanatismo dedicado ao U2, mais avassaladora do que a de 98. Pessoas dormindo nas filas, gente que veio de outros estados para comprar aqui no Rio as entradas para o show do dia 20. Acreditando que as vendas começariam em 14 de Janeiro, lá fui eu com uma amiga ao supermercado em Copacabana. Chegamos por volta das 10h e não vimos ninguém. Estranho. Muito estranho.

Entramos. Dirigi-me à primeira pessoa de uniforme que encontrei e perguntei sobre a venda de ingressos. "Não é hoje, só começa na segunda." Ah, internet! Quantas informações desencontradas você fornece.

Voltamos, eu e minha amiga, na segunda, dia 16. Chegamos mais cedo, por volta das 9h20, e nos deparamos com uma fila que, desculpe o clichê, parecia não ter fim. Dobrava a esquina, e quase chegava à praia. Nos posicionamos naquilo que era o final da fila, pacientes, resignadas, esperançosas.

Sete horas, uns trinta reais e muito sol na cabeça depois, sair da fila parecia ser a única opção viável e racional. O show do U2 seria só no dia 20, mas o espetáculo já havia começado. A "organização" foi de tal maneira pouco profissional que não havia sequer uma pessoa encarregada de nos passar informações sobre o que ocorria de verdade e sobre o início real das vendas. Sabe a fila do INSS? Guardadas as (muitíssimo) devidas proporções, estávamos na versão "show de rock" de uma delas.

Quando decidi sair da fila, de mãos vazias, com dor nas pernas e queimada de sol, não só abri mão de conseguir um ingresso. Também estabeleci a fronteira de minha paixão. Fiz sacrifícios pelo U2 em 98, mas nenhum deles me humilhou e arruinou minhas esperanças. Espera em vão não é a mesma coisa que esperar muito por algo que é certo. Não é mesmo.

Para quem sonhava acordada com o show, a maratona do dia 16 foi uma balde de água com gelo ártico. Não sei se é a idade (tá, não sou velha, mas também não sou uma garotinha), mas o meu entusiasmo hoje é bem mais vulnerável às influências externas. Seria fácil desistir de ir ao show, mesmo com todo o "fanatismo". Eu cheguei a fazê-lo algumas vezes, mas sempre mudava de idéia.

Ao saber que as vendas para o segundo show seriam por telefone, o nível de vontade de ir diminui um pouco mais. Porém, é teoricamente mais fácil ficar horas com um telefone grudado ao ouvido do que em pé numa fila num dia de alto verão.

Foram aproximadamente quatro horas de muito "tu-tu-tu...", "desculpe, nosso sistema está indisponível no momento" e "todos os nossos troncos estão ocupados, por favor, tente mais tarde". É cansativo, é frustrante, e é um jogo de azar. E, por sorte (e teimosia), às 23h57 do dia 5 de Fevereiro, eu fui provavelmente uma das últimas pessoas a adquirir um par de ingressos para o show do U2. Depois da epopéia em busca da entrada perdida, o mínimo que eu esperava conseguir era um ingresso de pista. Mas até nisso eu fui passada para trás. Literalmente. Tive que me contentar com ingressos de arquibancada.

Amanhã, por volta das 21h, se você ligar para minha casa e não me encontrar, não se preocupe. Estarei sentada (ou tentando sentar) numa arquibancada do setor vermelho do Estádio do Morumbi, em São Paulo.