segunda-feira, novembro 12, 2007

Desintegrado por srta. Jones

Quantas vezes alguém pode estragar tudo na vida? Quantas vezes você pode jogar uma chance de ouro no lixo? Quantas vezes alguém precisa sentir um arrependimento mortal para aprender a não colocar tudo a perder?

O cara tinha tudo para ser um sucesso. Todo mundo o via como alguém que seria grande um dia. Só ele não percebia isso. Não percebia que era bonito, que era inteligente, que era alguém para se admirar. Ele só sabia errar, vez atrás de vez. Era um especialista em desistir, em não tentar. E a vida sempre sorria para ele. Como sorri para poucos.

Um dia ele estava saindo de uma entrevista de emprego e tomou um tombo. Bateu com a cabeça no meio-fio e por um triz não foi atropelado. Teve uma concussão e ficou em coma por duas semanas. Quando acordou, não sabia quem era e falava em italiano. Não reconheceu a família nem a namorada. Levou três meses para lembrar que sua língua materna era português e que era formado em administração. Estava perdido. Totalmente perdido.

Mais dois meses e ele estava voltando a levar uma vida próxima do normal. Abriu sua caixa de emails e viu que havia sido aprovado na entrevista. O email datava de quatro meses e meio atrás. Outra chance perdida. Outra vitória que estava na sua mão. Só que havia uma porcaria de meio-fio no seu caminho, num dia em que tudo poderia dar certo. O que ele vai fazer agora?

Pelo menos ele aprendeu a falar italiano.

3 comentários:

Anônimo disse...

No meu caso foi um vão no meio-fio, planejado pra comportar uma tampa de bueiro. Mas eu só quebrei o pé, adiando em um mês minha admissão no meu emprego atual e, graças ao calendário burocrático, em um ano o início dos meus aumentos salariais por mérito. Ler seu texto me deixa bem mais aliviado pelo fato de não saber italiano ser o antepenúltimo dos meus problemas (malaio, javanês e outras asiáticas devem empatar em último, e as escandinavas em penúltimo). Baci.

Anônimo disse...

No meu caso foi um vão no meio-fio, planejado pra comportar uma tampa de bueiro. Mas eu só quebrei o pé, adiando em um mês minha admissão no meu emprego atual e, graças ao calendário burocrático, em um ano o início dos meus aumentos salariais por mérito. Ler seu texto me deixa bem mais aliviado pelo fato de não saber italiano ser o antepenúltimo dos meus problemas (malaio, javanês e outras asiáticas devem empatar em último, e as escandinavas em penúltimo). Baci.

Anônimo disse...

srta. Jones, você conhece esse blog aqui? http://blogs-literarios.blogspot.com/

Em certas horas um meio-fio pode ser uma benção.